sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Vale tudo, até usar a imagem de um figura pública de forma mentirosa e criminosa









A imagem acima pulula pelas redes sociais nestes dias que antecedem o segundo turno das eleições municipais de São Paulo.
A agressividade dos reacionários (pleonasmo, sim, mas cabe muito bem!) bandeirantes é fartamente conhecida, todavia, neste caso, há algo de muito grave.
A frase que adorna a imagem é mentirosa e criminosa. Sim, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa nunca a proferiu, e a narrativa em primeira pessoa não deixa dúvidas quanto a intenção de quem produziu tal vírus que se disseminou pelo Facbook e semelhantes. Como não disse o que ali lhe é atribuído, trata-se de crime de falsidade ideológica.
Porém, nestes meios cibernéticos, o anonimato, que é proibido em qualquer tipo de manifestação crítica, encontra guarida. Dessa forma, os responsáveis por tamanho despautério se escondem de suas responsabilidades e a demagogia sorri aos seus ávidos receptores, pertencentes a uma casta supeiror, que pensa possuir o monopólio da moral e do conhecimento em face de seus "dalit" tupiniquins.
No entanto, esta pretensa casta superior não passa de um engodo, que usa de um ardil para tentar afirmar suas posições desprezíveis e pobres, ao invés da enorme sabedoria que acreditam possuir em seu DNA.
Digo isso baseado na verdade, e não em mentiras virulentas como a deste vaticínio falso.
No dia 07 de outubro deste ano, portanto há 20 dias, o ministro Joaquim Barbosa deu uma entrevista à jornalista da Folha de São Paulo Mônica Bergamo. Nela, suas declarações sugerem um pensamento diametralmente oposto à mentira reproduzida à exaustão.
Só interessa o Joaquim Barbosa juiz, profissional, já o cidadão... Silêncio! Não convém.
Senão vejamos trechos da matéria:
"O ministro votou em Leonel Brizola (PDT) para presidente no primeiro turno da eleição de 1989. E depois em Lula, contra Collor. Votou em Lula de novo em 2002.
O escândalo do mensalão não influenciou seu voto: em 2006, já como relator do processo, escolheu novamente o candidato Lula, que concorria à reeleição.
 - Eu não me arrependo dos votos, não. As mudanças e avanços no Brasil nos últimos dez anos são inegáveis. Em 2010, votei na Dilma."

Mas como o posicionamento do cidadão Joaquim Barbosa não se coaduna com os interesses daqueles  que o exaltam a mais não poder, melhor colocar palavras na boca dele, não é mesmo??

Assim, usa-se a figura de alguém que alcançou um prestígio fabricado e interesseiro no intuito de legitimar um posicionamento de classe, mesmo que esta pessoa não compactue com tal pensamento crítico. Mais grave impossível.
Se fossemos seguir a sugestão dos "letrados" paulistanos, qual seja, de pedir a benção ao nosso novo Deus, que consertou estas terras brasilianas e extirpou todos os corruptos dela, por imensa ironia, provavelmente ele diria para votar no candidato Fernando Haddad, do PT.
Todavia, não é usando a imagem de um juiz honrado, que cumpre seu papel de fiscalizador da lei, ainda que hajam divergências quanto a sua atuação no Mensalão, que irá se legitimar um posicionamento conservador. Tal expediente deveria envergonhar seus aficionados, pois, simbolicamente, trata-se da perda da autonomia decisória e crítica. Não têm capacidade de afirmar seus pensamentos, dos quais têm direito, ainda que absurdamente nojentos, com argumentos sólidos e verossímeis. Precisam criar um fascistóide.


Outra afirmação de Joaquim Barbosa à Mônica Bergamo.

"A imprensa brasileira é toda ela branca, conservadora. O empresariado, idem", diz. "Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras."

A imprensa brasileira dominante e seus leitores, também pertencentes a este estrato social, majoritariamente refratários a qualquer sinalização de respeito à dignidade humana dos pobres e retroalimentados pelos meios de comunicação, não estão em êxtase pelo combate à corrupção que o julgamento do mensalão representa. Estão, isto sim, solenemente desejosos que os desdobramentos deste caso resultem na extirpação de um partido que tem seus erros e problemas, mas que também tem ótimos quadros e, sobretudo, aglutina forças e tem na sua origem personagens nordestinos e proveniente de classes sociais menos abastadas, as quais têm ojeriza, bem como imprime um projeto político de redução das desigualdades sociais, ainda que tímido, é bom que se diga, mas o suficiente para gerar aversão profunda por parte da classe média.
Ilustro meu argumento com dois exemplos, o primeiro vindo da imprensa e o segundo dos "detentores do monopólio da moral".

1º) A imprensa branca e conservadora de que trata o ministro Joaquim Barbosa, nada ingênua e muito menos ignorante, não traz a tona o necessário debate da reforma política. E quando o faz, como o jornal "O Globo" desta semana, é para manter a estrutura viciosa que ai está. Entre outros pontos, se posiciona contra o financiamento público das campanhas eleitorais e do voto em lista fechada, que significada votar nos partidos. Desta forma, esta imprensa se mostra favorável a manutenção deste sistema político/eleitoral que é o principal responsável por mensalões, este e outros, licitações direcionadas... Não há interesse na mudança destas práticas, portanto.

2º) A classe média e os ricos têm mostrado uma ferocidade atroz diante dos réus do mensalão e do PT.
No entanto, quando se trata de outros políticos corruptos, não se vê a mesma agressividade. O melhor exemplo é Paulo Maluf. Enriqueceu tremendamente as custas dos cofres públicos, tanto que é o principal responsável, juntamente com sua cria Celso Pitta, da dívida de mais de R$50 bilhões da prefeitura paulistana, a maior entre todas as capitais brasileiras. Como se não bastasse, faz troça, trata os cidadãos paulistanos, sempre que inquirido, com um tremendo escárnio. Mas neste caso, ao invés da ferocidade, é encarado como engraçado, folclórico, exemplo de malandro esperto e astuto.

Não irei abordar os escândalos com DNA tucano, democrata, enfim, dos representantes dessa gente "diferenciada", que, aliás, envolvem somas muito mais vultosas que o midiático Mensalão. Escândalos que, frise-se, são frequentemente acobertados pela imprensa, coisa que o ministro Joaquim Barbosa também deixa claro em um artigo do jornalista Bob Fernandes, no Terra Magazine. Só direi duas coisas.

Primeiro peço licença a amiga Nayara Romero para colocar aqui seu desabafo no Facebook:

Eu tenho vergonha de quem acha que o mal do Brasil é o mensalão ou o PT ou o Haddad, e que ainda por cima pensa que pessoas que votam no PT "não assistem televisão" ou não "lêem jornais". Puta que pariu de povo ignorante! A diversidade é positiva, em todos os sentidos, mas a ignorância posta e assumida como verdade absoluta mesmo com tanta possibilidade de conseguir analisar informações hoje em dia... é de foder. Sorry, precisava desabafar.


Por fim, lembro que a violência vista nestes últimos dias nas redes sociais não têm a ver com corrupção, mas sim com a origem e as políticas do PT, pois para estes impetuosos pseudocríticos da moralidade, o poder é monopólio das elites, deve servir a ela e nunca nem oferecer migalhas às classes subalternas, inferiores intelectualmente,  pois o que se fez de redistribuição de renda desde 2002 até agora é um pouco mais do que migalhas, e, não tenho dúvidas, não só o poder é monopólio das elites, como o assalto ao erário público também.

Ah, só pra lembrar, o DEM e o PSDB são os partidos, dentre todos, com mais deputados cassados na Câmara Federal.
O PT aparece em último nesta lista. O que não quer dizer que seja exemplo de candura. Mas até ai, quem é?