sábado, 31 de março de 2012

Presidente de honra da Mancha Alviverde dá entrevista e não deixa dúvidas de que as torcidas organizadas são facções criminosas

Ao menos se percebe que a entrevista é bastante sincera.
Porém, fica claro que as torcidas organizadas são associações nas quais a luta, a briga de guangues, o confronto corporal e emboscadas criminosas fazem parte de seu cotidiano.
Assim sendo, é imperioso que sejam definitivamente banidas, extirpadas da nossa sociedade,
ainda que esta seja uma pequenina medida para a solução das tragédias em torno do futebol.
Outras medidas muito mais efetivas se fazem necessárias, no entanto, nossa constituição, e consequentemente nossa sociedade, é bom que fique claro, não aceita associações para fins ilícitos, que é o que de fato são estas agremiações.
A entrevista, como um todo, é lamentável. O conhecido Paulo Serdan, presidente de honra da
Mancha Alviverde, é um acéfalo!
Na penúltima pergunta, sua resposta é surreal!
Digna de um líder de facção crimnosa.
A entrevista, pois.

Caderno Esportes 31/03/2012 - Folha de São Paulo

repórter: Morris Kachani

Para presidente de honra da Mancha, torcedores brigam por adrenalina

Paulo Serdan é uma das lideranças mais controversas das torcidas organizadas de futebol. Presidiu a Mancha Verde (rebatizada em 1997, após extinção, de Mancha Alviverde) de 92 a 2005. Já deu soco em treinador, coordenou uma invasão à sede do Palmeiras e participou de várias brigas envolvendo torcidas.

Hoje, aos 45, com rosto marcado por um acidente com fogos de artifício (num Réveillon, não numa briga) ele dirige a escola de samba da Mancha Verde. É também uma espécie de conselheiro especial da torcida organizada --Serdan foi nomeado seu presidente de honra e é sempre ouvido nos momentos mais críticos.
Como agora, na semana do incidente envolvendo torcedores palmeirenses e corintianos ocorrido no domingo passado, que deixou duas vítimas fatais, André Alves Lezo, 21, e Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira, 19, ambos integrantes da Mancha.
Filho de Michel Serdan, que por muitos anos comandou o programa "Gigantes do Ringue", e ex-segurança da Fonseca's Gang, Paulo hoje é um empreendedor de sucesso. Além de produzir shows e eventos, é proprietário de uma confecção responsável por 40% dos produtos que levam o logotipo ou fazem referência à Mancha --tanto para a escola de samba como para os estádios.
Ele recebeu a Folha para a seguinte entrevista.
*
Folha - Como está o ambiente na Mancha?
Paulo Serdan - Péssimo. A diretoria é nova, esta é a primeira vez que perdem gente tão próxima. O sentimento é complicado, não é uma coisa que cicatriza, não. Os caras não estão encarando numa boa. Até pela forma que foi. Se tivesse sido um encontro casual, aí tudo bem, mas infelizmente não foi.
Qual a sua versão dos fatos?
Cerca de 200 torcedores estavam fazendo o trajeto que sempre fazem, pela avenida Inajar de Souza (zona norte da capital), com escolta da PM. Em determinado momento os caras surgiram do nada pelas costas, por trás, a grande maioria encapuzada com barras de ferro, pedaços de pau, cabo de enxada e muitos fogos, bateria de rojão. Acenderam tudo de uma vez, o que me parece estranho e premeditado, porque num confronto --e eu participei de vários--, se você escuta barulho de tiro já fica ligeiro e procura um lado para correr. Mas o barulho dos rojões confundiu geral.
Vai ter retaliação?
Aí é só o tempo pra dizer. Não tem como você prever. Vai depender muito do trabalho da polícia. Agora tá na hora de aparecer esse trabalho, apontando quem fez, como fez e com punição. Se não acontecer nada, se o poder público demonstrar incompetência, aí vão achar que tem que fazer pelas próprias mãos, aí vai ser a lei do cão.
O que deve ser feito?
Se tivesse legislação, com penas duras, não teria nem alambrado no campo de futebol. A impunidade é que cria essa situação, ela vai produzindo heróis. É tudo coisa de criança. Se num tumulto que teve o cara deu um soco bem dado, ele vai ganhando respeito. Se o cara é preso com uma bomba, ele simplesmente é encaminhado pro distrito policial, assina um termo e volta. Desse jeito a molecada o admira, ele começa a fazer seguidores.
E o policiamento?
Em seis ou sete anos, o trecho da avenida Inajar de Souza até a ponte da Freguesia do Ó, de uns 4 ou 5 km, já foi palco de pelo menos umas 15 brigas. Então não foi um acidente, era previsto que uma desgraça podia acontecer. Está na hora da polícia mobilizar mais gente, ao invés de só ficar investigando as redes sociais na internet e mandar duas viaturas com dois homens pra fazer a escolta.
Mas esta briga não foi marcada pela internet?
Isso é lenda. Os caras sabem onde vão se encontrar. Aliás, eles moram no mesmo lugar, eles se conhecem. Para eles, é adrenalina, aventura. Você não tem condição de surfar em Maresias ou jogar Playstation. Nem empinar pipa pode. Então qual é a diversão? O cara pensa assim, 'eu sou da Mancha, se trombar com os caras vou sair na mão'. Brigar faz parte. Você tem que acabar com esse lado.
O futebol ficou em segundo plano.
De tão ruim que é a qualidade do futebol jogado hoje, ele está ficando em segundo plano. Antigamente você tinha 200 bandeiras pra entrar no estádio, 300 kg de papel picado, 100 latas de fumaça. Esse lado da festa tem que predominar.
Qual é o perfil do torcedor da Mancha?
Hoje são aproximadamente 35 mil associados. A grande maioria é homem, entre 17 e 25 anos. Predomina a classe média baixa. São pessoas com dificuldades familiares, financeiras, sem perspectiva de estudo, que começam a trabalhar desde cedo. E que encontram na torcida um amparo, que começam a enxergar que ali é a sua segunda e às vezes sua primeira família. É bom lembrar que realizamos diversas ações sociais, como doação de sangue, arrecadação de alimentos, campanha do agasalho. A verdade é que na torcida, as dificuldades são as mesmas para todos.
Como assim?
A razão de existir da torcida é o clube. Você é um guerreiro do seu clube. Se algo acontecer como em 42, na Segunda Guerra Mundial, quando o São Paulo quis tomar o Palestra Itália, quem vai estar na porta do estádio com espingarda, com metralhadora, com pedaço de pau, com pedaço de ferro pra não deixar ninguém entrar vamos ser nós. Então a gente se coloca como fiscais dos clubes.
A torcida apita no clube?
Você dá umas cutucadas. A torcida tem condição de derrubar um técnico. Se a torcida começar a pegar no pé, a trabalhar contra, derruba quem quiser. Não há treinador que suporte. Nem jogador, nem diretor. Do time do Palmeiras que disputou a última Copa São Paulo, entre titulares e reservas coloquei uns sete ou oito jogadores.
Qual a relação da torcida com o clube?
De todos os clubes do Brasil o Palmeiras é o que mais mantém distância de sua torcida. O que é um erro, não adianta querer se afastar dela. Ela pode não ser o que você gostaria que fosse em termos de educação, mas é o que tem.
Que tipo de suporte o clube deveria dar?
O clube tem sua obrigação porque o cara está morrendo por causa do Palmeiras. Por exemplo, acionando autoridades do governo para facilitar nas caravanas. Imagine 15 ônibus fazendo uma viagem de oito horas em que a polícia não deixa estacionar para tomar água ou fazer xixi. O cara já chega louco no estádio.
Adianta banir as organizadas dos estádios?
A proibição é para a imprensa e a sociedade baterem palma. Mas por mais que tentem, a torcida não vai acabar nunca -- pode até entrar sem a camisa no estádio, mas não vai acabar. E pior, assim você acaba encorajando a criação de grupos menores, de maneira que a liderança já não tem mais ascendência e controle. É um pouco o que rola hoje.
Em todas as torcidas?
A Gaviões por exemplo, não tem uma liderança. E se você não tem liderança, não tem palavra. Mais irritante é ver a força que eles têm, recebendo apoio até do ex-presidente Lula.
Parece que o incidente de domingo passado foi motivado pela morte de um corintiano no ano passado em outra briga de torcedores.
Dizem que ele foi atirado no rio Tietê, mas a verdade é que ele pulou da ponte. A polícia sabe disso, mas não admite. Pelo que sei foi afogamento, não tem escoriação no corpo. O que acontece é que nesse tipo de briga, um lado sempre vai correr. E nessa pode haver uma dispersão. Ele sobrou, o pessoal correu atrás dele e se jogou apavorado.
Por que a Mancha comprou um jazigo que no futuro poderá acomodar até 16 cadáveres?
A família não tinha onde enterrar o André, daí a gente se antecipou e comprou um jazigo. É onde entra a responsabilidade social da torcida. Se morrer alguém da Mancha sem recurso financeiro, a gente ajudaria até nisso.

Lei de Incentivo ao Esporte desvirtua escopo dos investimentos públicos

Era prevísivel que isto acontecesse.
Os princípios e ditames desta lei são idênticos aos da Lei de Incentivo à Cultura, anterior a ela e com o mesmo malfadado resultado abaixo descrito.
Todavia, não se pode deixar de criticar o Ministério do Esporte, que, se não tem
o poder de direcionar os investimentos, ao menos pode vetar projetos que vão de encontro
ao objetivo básico, mínimo, de qualquer investimento público.
Como se verá abaixo, o Estado não pode deixar que recursos públicos sejam direcionados
para financiar eventos e profissionais do topo da pirâmide.
Trata-se de um acinte às camadas mais desfavorecidas da nossa população,
que pagam altíssimas cargas tributárias.

Blog do José Cruz, Folha de S.Paulo

Dinheiro público para show de Athina Onassis será investigado

Em 2009, divulguei que o milionário evento de hipismo Athina Onassis Horse Show, anualmente realizado no Brasil, contava com verbas da Lei de Incentivo ao Esporte.

O dinheiro aprovado foi em torno de R$ 6,5 milhões, mas o captado ficou em R$ 4,8 milhões.

Ou seja, dinheiro público que o governo abre mão para incentivar o desenvolvimento do nosso esporte destinou-se à bolsa promocional-esportiva de uma das mais ricas herdeiras do mundo, a senhora Athina Onassis.

Pior:

O projeto, apresentado pela Federação Paulista de Hipismo, justificava que o dinheiro serviria para o “desenvolvimento do hipismo brasileiro”. Mas foi para o espetáculo que tem o apelo de “hipismo, moda, música e gastronomia”. Enganaram o governo.

Foi isso que me chamou atenção e comecei a pesquisar. Em 2008…

Resultado

Na sexta-feira, a assessoria do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, me informou que, de fato, “há indícios de irregularidades” no uso do dinheiro para a Federação Paulista de Hipismo, comparativamente à proposta do projeto.

Resultado: o ministro determinou a abertura de uma “Tomada de Contas Especiais” – investigação rigorosa – e acionou a Controladoria Geral da União para saber o que ocorreu de fato, com a grana dos nossos cofres públicos.

Urgência

Diante de mais essa falha gravíssima, o ministro Aldo Rebelo precisa abrir um espaço na sua agenda de Copa do Mundo e fazer uma avaliação rigorosa nos critérios para liberar verbas da Lei de Incentivo.

Outro dia, comentei sobre o dinheiro público da mesma origem para a escola de pilotos de Galvão Bueno; depois, para a carreira do neto de Emerson Fittipaldi. Outros milhões e milhões saem dos cofres públicos para clubes de futebol profissional formarem atletas, negociando mais tarde, enriquecendo seus patrimônios e o dos empresários.

E a Lei de Incentivo não foi criada para isso. Mas para incentivar o esporte na base, na iniciação. É aí que está nossa maior carência. Tanto, que o Comitê Olímpico não vê renovação na equipe para Londres 2012 e sequer arrisca projetar evoluções no pódio.

Volto a empregar a expressão “desordem institucional”. É isso o que temos diante da fartura de dinheiro disponível para o esporte e a total ausência de critérios para o seu uso, de prioridades e metas.

E só faltam quatro anos para 2016…

Agora, vai?

terça-feira, 20 de março de 2012

No fim das contas, o que é economia verde?

 Amália Safatle

"Economia verde" entrou no rol das expressões cada vez mais faladas - mas muito pouco consensuadas - dando margem para que a cada hora surja uma interpretação, conforme a conveniência dos interlocutores.
Sendo economia verde um dos dois grandes temas da Rio+20, a conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável - o outro tema é governança -, buscar um entendimento mínimo sobre o seu significado é um passo elementar para que se possa esperar do encontro algum resultado objetivo.
Vamos começar pela definição que o próprio Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Pnuma) cunhou:
"Uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica. Em outras palavras, uma economia verde pode ser considerada de baixa emissão de carbono, é eficiente em seu uso de recursos e socialmente inclusiva".
Temos aí os seguintes elementos: economia de baixo carbono, eficiência energética e nos processos produtivos, e igualdade e inclusão social.
Assim, bastaria lançar mão da tecnologia para descarbonizar e otimizar processos para chegar à tal economia verde, que ganha da ONU o adendo de "inclusiva". Neste mundo mágico, bastaria minimizar riscos ambientais para que a economia consiga incluir socialmente os menos favorecidos ao mesmo tempo em que dribla a escassez ecológica.
Por que "mundo mágico"? Porque não corresponde à realidade possível. Cada ala da sociedade construiu uma ficção na qual se aninha e busca algum conforto - quando na verdade é necessária uma reforma profunda, desconfortável e até dolorosa no sistema econômico, se quisermos de alguma forma buscar a maior duração da vida na Terra, incluindo a espécie humana.
Mas Connie Hedegaard, comissária europeia para a ação pelo clima, chegou a publicar um exclamativo artigo intitulado "Cresçamos todos de maneira sustentável!" (no Estadão). Para começar, o artigo é impreciso: "todos" quem, cara pálida?
Como já desenvolvido nesta coluna, com base nas explicações do professor José Eli da Veiga, da FEA-USP, para que as populações pobres tenham a chance de usar o crescimento para resgatar seu imenso passivo social, é preciso que as ricas abram espaço ecológico, buscando maneiras de prosperar sem crescimento econômico. Só assim haverá alguma chance de a conta única do planeta fechar. Assim, apenas incluir não é suficiente: é preciso diminuir a disparidade global, com os ricos reduzindo o consumo de energia e recursos naturais para que os pobres possam usufruir do aumento desse consumo. Falar de "economia inclusiva" sem atacar de frente o nó das desigualdades é uma das ilusões do tal mundo mágico.
Outra ilusão é a de que os ricos conseguirão abrir esse espaço ecológico apenas por meio da eficiência e dos avanços ecológicos de uma economia de baixo carbono. Desejável e necessária, a eficiência é, no entanto, insuficiente. Como já apontado diversas vezes pelo professor Ricardo Abramovay, também da FEA-USP, apesar dos sucessivos ganhos de eficiência, as emissões estão aumentando. Para se ter ideia, cada unidade do PIB mundial em 2002 foi produzida com 26% menos recursos materiais que em 1980. Mas apesar disso, o consumo absoluto dos recursos cresceu 36% no período.
Aliado ao aumento do PIB mundial, o que se chama de "efeito ricochete" é uma das explicações para esse fenômeno: a poupança obtida com o ganho de eficiência acaba sendo usada em outros tipos de consumo, anulando ou até ultrapassando o que havia sido poupado em termos de recursos. Ou seja, a tecnologia, embora importante, sozinha não é salvadora.
A conclusão disso tudo é o que vem sendo alertado por diversos cientistas e por muito poucos economistas: a economia deve passar a ser administrada como um subsistema do sistema social - uma vez que existe para servir à sociedade e ao bem-estar das pessoas (e não ao contrário, é sempre bom lembrar). E este subsistema social, por sua vez, deve passar a ser visto como subsistema de um sistema maior, que é o ambiente de que fazemos parte.
Economia verde, portanto, seria aquela que existe para servir às necessidades da sociedade, mas desde que caiba nos limites circunscritos pelo sistema natural.
Vejam que nossa forma de organização é justamente a inversa: a economia é vista como o grande sistema, que entende o ambiente como mero provedor de recursos, e a sociedade como mão-de-obra trabalhadora e massa de compradores para fazer girar a roda de produção e consumo, por meio de processos que levam a uma acumulação de bens e um acesso a oportunidades desiguais e injustos.
Não é por menos que vivemos ao mesmo tempo uma crise ambiental, social e econômica de grandes proporções. A Rio+20 é a oportunidade para acabar com essa inversão de valores que resulta em crises, em vez de reforçá-la.

Amália Safatle é jornalista e fundadora daPágina 22, revista mensal sobre sustentabilidade, que tem como proposta interligar os fatos econômicos às questões sociais e ambientais.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Relações de Troca X Sistema Financeiro

As relações humanas são, desde o início, baseadas nas trocas. Dito de outro modo, as relações de troca são as fundantes de todas as relações humanas. Para o antropólogo Lévi-Strauss, a mulher foi o primeiro elemento de troca entre famílias, extrapolando, daí por diante, as relações humanas para fora da esfera familiar.
Tal constatação não é de difícil assimilação, pois, ainda que vivamos em uma sociedade cada vez mais individualista, ao mesmo tempo, paradoxalmente, somos cada vez mais dependentes de um sem número de tecnologias concebidas e produzidas por homens, o que deixa claro que continuamos a depender e a ser uma sociedade baseada nas trocas humanas, só se alterando a sua embalagem, sua intermediação, o modo como estas trocas são feitas.
Este intróito todo para dizer que se a base das relações sociais continua a mesma, os meandros, por sua vez, são bastante afetados pelo gigante que se transformou o sistema financeiro.
Ainda que sob uma perspectiva fortemente capitalista, é inevitável constatar que aos detentores dos meios de produção é fundamental uma massa consumidora de ótima musculatura. Todavia, nas últimas duas décadas, boa parte do capital migrou dos investimentos produtivos para os investimentos financeiros, seduzidos pelos ganhos fáceis e rápidos de um sistema artificial, mas forte o suficiente para ditar as regras das relações de trocas.
Sendo assim, ouvimos constantemente o debate acerca do patamar dos juros, representados pela taxa selic, que nada mais é do que a remuneração do dinheiro, influenciando na produção e na inflação do nosso país. Ora, com a diminuição dos juros, os ganhos do capital no sistema financeiro deixam de ser atraentes, o que faz com que estes migrem para o sistema produtivo, aumentando a oferta e, portanto, teoricamente, diminuindo a inflação. Mas o que se vê é o inverso.
Apesar de saber que tal análise desconsidera algumas variáveis e simplifica o problema de forma razoável, o grosso da questão está no fato de que, com a baixa de juros, o aumento produtivo só se realiza um bom tempo depois de que o sistema financeiro já derramou bastante dinheiro no mercado, o que leva a esta pressão inflacionária.
Dessa forma, o sistema financeiro dita as regras das relações de troca, sendo imprescindível a intervenção estatal nas políticas creditícias do mercado financeiro para estabilizá-la.
As políticas neoliberais, como se vê, nunca se sustentam.