sábado, 28 de julho de 2012

"Elevar o padrão das classes menos favorecidas não é vender-lhes carros." Renata Falzoni

"Deixo claro que não sou contra carros e sim contra o mal uso dos mesmos.
Um modelo econômico calcado na saúde da indústria automobilística é insustentável e elevar o padrão da classe menos favorecida não é verder-lhes carros.
Transporte público de qualidade, valorização do espaço público para os cidadãos e segurança aos que vão a pé e de bicicleta é um direito que leva a igualdade social e esse não é o modelo seguido em Brasília, para governar o Brasil.
Carrodependência é insustentável sob todos os aspectos, sem falar que promove desigualdade social, a um altíssimo custo que não é levado em conta na hora de se fazer os balanços.
A falta de equidade nos investimentos públicos na mobilidade urbana é tão grande quanto essa cegueira do sonho do carro próprio.
Todos pagamos a conta em especial os que perdem 5 a 6 horas ao dia para ir e voltar ao trabalho."

Renata Falzoni, bike-reporter, pioneira neste jeito diferente e interessante de fazer jornalismo

sexta-feira, 27 de julho de 2012

GM mostra que não há almoço grátis

E a GM do Brasil mostra sua cara, ou melhor, a cara das grandes empresas.
O governo brasileiro diminuiu o IPI (imposto sobre produtos industrializados) não só para aquecer a economia em tempos de crise, mas para assegurar que não haveria demissões nas montadoras, motores da economia brasileira. Ou seja, o governo tirou do dele para garantir a renda dos brasileiros.
E eis que passados alguns meses, a GM sinaliza com o fechamento de mais de 2000 postos de trabalho diretos, sem contar o impacto nas diversas empresas satélites.
Como sempre digo, as grandes empresas são o retrato do nosso injusto sistema, no qual o que vale é a grana, a qualquer custo.
Ou como exemplificou o nobel da economia Milton Friedman: "no capitalismo não há almoço grátis", nunca.
Bem, é isso!
Diante de tal quadro, penso que, sob uma perspectiva fortemente pragmática, o melhor seja aceitar esta realidade, pois é da natureza dos detentores do capital objetivar o lucro, e só ele, para que possamos avançar dentro do possível, ao invés de acreditar em papai noel.
O que quero dizer, ao invés de contar com a boa vontade dos grandes capitais, o ideal seria formular e implementar políticas fiscais, econômicas e públicas nas quais o Estado tenha o controle de suas ações, sem precisar ficar refém do status quo privado dominante.
Mas para isso seriam necessárias mudanças estruturais profundas, complexas e mediatas.
Caso contrário, 99% da população continuará refém de 1%.

Agora... deixando esse tal de pragmatismo de lado, sempre é bom lembrarmos do gênio Eduardo Galeano: "a utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar"
Quem sabe não possamos desfrutar, algum dia, um almoço grátis?



domingo, 22 de julho de 2012

Aborto e camisinha demonstram totalitarismo e falência das igrejas

Vira e mexe cardeais da Igreja Católica reaparecem com suas posições agressivas. Dia desses, o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Leonardo Steiner, declarou que aborto também é tema de eleição municipal. Não, não é! Tal discussão é inócua no plano municipal, que, diga-se, é por demais importante, eu diria fundamental.
É a administração municipal, sobretudo nas grandes cidades, que trata, na sua ponta, dos transportes, da saúde e da educação básica, infantil, a fase mais importante, disparada, do aprendizado do ser humano.
Mas dai vem essa instituição anacrônica, reacionária e falida, tumultuar o debate que realmente importa com suas questões nocivas às classe menos favorecidas (e ainda somos obrigados a escutar que a Igreja luta pela fraternidade, solidariedade, pelos pobres... é muita hipocrisia!), que, além do mais, diz respeito a ela e seus seguidores, somente. Mas o pior é que, devamos admitir, ela consegue bagunçar o coreto, pois tais assuntos, colocados da forma demagógica que são, tiram o foco do essencial.
Bem, retomando o fio da meada, não custa lembrar que aborto, homofobia e temas reacionários semelhantes são de competência federal. Algo básico, mas que a grande maioria da população desconhece.
Por seguinte, é sempre bom destacar que, em realidade, o objetivo desta ingerência das comunidades religiosas nos debates eleitorais é de favorecer seus candidatos conservadores, e não o de discutir de verdade os temas que ela propõe. Tais temas são pano de fundo para um objetivo maior, qual seja, a defesa subliminar de seus representantes reacionários.
Porém, a algo que me incomoda a mais não poder nisso tudo, que é essa diuturna tentativa de enfiar goela abaixo suas encíclicas a todos. Pô, as crenças, fé, costumes e diretrizes de quaisquer religião diz respeito somente a ela e a seus súditos. O resto não tem nada que ver com isso, e é isto que significa ser um Estado laico. Tais atitudes de ingerência revelam uma posição totalitaria, na qual não só se quer impor algo que não diz respeito a todos, como, pior, busca-se incessantemente incutir que o posicionamento destas instituições de fancaria é o único válido, nobre, moralmente valoroso. O resto é heresia. Bem, óbvio que não é, pelo contrário, mas é o que nossos proselitistas religiosas propagam.
Ah, também nunca é demais assinalar que temas como aborto e camisinha são um dos maiores fingimentos da face da Terra. Isto porque, boa parte dos fiéis, e no caso da camisinha eu diria que praticamente a totalidade deles, não seguem o que suas igrejas pregam, simplesmente porque tais orientações são ultrapassadas (na verdade, creio que nunca foram razoáveis em época alguma), agressivas e perigosas. As Igrejas, moralmente, são instituições falidas!