sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Pobre paga mais imposto que rico!

Se há algo que me causa espécie, este algo é a forma como o Estado intervém na sociedade. Já escrevi outras vezes que, no sistema capitalista em que vivemos, é fundamental a atuação do poder público para, ao menos, amenizar as terríveis desigualdades características deste sistema. A atual crise econômica, que perdura 3 anos, é a maior prova de que o neoliberalismo é a pior escolha de longe.
Porém, ainda que tenhamos exemplos de "Estados intervencionistas e redistribuidores de renda", na verdade, da forma como o são, atuam como redistribuidores de migalhas do que de fato Estados promotores da inclusão social.
Isto por que, a principal forma de interveção do Estado na sociedade se dá no recolhimento de tributos. E, pasme, não só no Brasil, como praticamente no mundo todo, pobre paga, proporcionalmente, mais imposto do que rico. Isto mesmo, segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no Brasil, os 10% mais ricos têm, aproximadamente, 25% de sua renda comprometida com tributos, enquanto que os 10% mais pobres, 35% da renda.
Isto significa, entre outras aberrações, que os mais pobres têm que trabalhar mais dias no ano do que os ricos para cumprir com sua obrigação tributária.
Vale ressaltar, por fim, que na França, "berço" da igualdade, o sistema tributário, ainda que menos, também é regressivo como o nosso. Motivo pelo qual a meia dúzia dos homens mais ricos do país resolveram, por livre e espontânea vontade, aumentar sua contibuição ao fisco francês.
Como não acredito em autrismo, para mim, tal ação tem o objetivo de diminuir a revolta da população com os cortes de gastos públicos, leia-se, com os cortes das migalhas que o Estado devolve as camadas menos favorecidas, em virtude da crise econômica mundial, na véspera das eleições francesas.
Pelo sim pelo não, o fato é que a justiça fiscal, baseada na progressividade da tributação e fundamental à justiça social, ainda é, infelizmente, uma utopia em nossos dias.

Um comentário:

  1. Leia esse também do Krugman
    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft0810201105.htm

    Abraço,

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